O Encontro...
O ano era 2014 e o lugar o Estádio Beira-rio em Porto Alegre. O evento a Copa do Mundo e a partida, nada mais nada menos que Brasil x Argentina.
Estavam os quatro, lado a lado, assistindo a este grande clássico: o gaúcho, o mineiro, o carioca e o nordestino. Não tardou muito, estabeleceram uma pequena conversa, nem sempre entendendo bem o que o outro falava; ora comentando fatos corriqueiros, ora falando sobre o jogo e, claro, a todo momento gritando em direção ao campo.
- A la pucha! Este minuano ta de arrepiar o pêlo, não demora vai cai um aguacero e eu sem uma japona – reclamou o gaúcho.
Os outros não entenderam bem o que o gaúcho quis dizer, apenas concordaram:
- Podicrê! Balbuciou o carioca.
Impaciente com a demora dos jogadores a entrar em campo, o gaúcho comentou:
- Home do céu, vão ficá se incebando o dia intero?!
Novamente os outros se entreolharam, então o mineiro resolve mudar o assunto, pois aquele não estava entendendo:
- Ma que belezzz distádio, é grandimais da conta!
- Pow, com cerrteza – concorda o carioca.
A partida inicia sob um clima muito tenso em campo, pois a rivalidade do clássico é muito grande.
- Êta trem difici dimais!
- Cruz-Credo! Virô um intrevero danado.
- Sinixtro, brow!
- Crê em Deus padre, oxii!
Com toda essa exaltação, o mineiro grita:
- Cê é bobo dimais da conta.
Os demais olham para ele, contrariados. E ele explica:
- A cunversa num é cocês.
Então eles olham para o campo, entendendo a bronca e incentivam o time, que não estava jogando o esperado:
- Gás, mano! Qualé mermão!
- Bamo que bamo – ajuda o gaúcho
- Dá o sangue! – Acrescenta o carioca.
- Não se avexi nesse racha, cabra! - Fala o nordestino
O Beira-rio se cala por um instante quando o juiz marca um pênalti a favor da Argentina. Porém, num próximo instante, gritos de indignação são ouvidos:
- Meu padinho padi Cícero, acodi os viventi nesse balaio de gato.
- Porrada, vacilou mané.
- Juiz catrefa! – brada o gaúcho
- Ai meu Jesus Cristim – choraminga o mineiro.
A euforia foi tanta quando o eficiente goleiro brasileiro, Victor, defendeu o pênalti, agarrando a bola.
- Oigalê! Tinha que ser da minha terra esse taura!
- Demorô! – comemora o carioca.
- Ai qui foi um trem doidimai! Grazadeus!
- Oxenti! Té quinfim!
O pênalti defendido dá uma amenizada nos ânimos e os quatro brasileiros conversam:
- Ronaldim ta gordimai, num sai do lugá.
- Tá mais perdido que guaipeca sem dono – concorda o gaúcho.
O carioca manda o recado para o jogador:
- Raxga mano, na moral, ta txirando onda?!
E o nordestino acrescenta:
- Vêssi não dá vexame, vissi?
O primeiro tempo termina e, na segunda etapa, a partida continua tumultuada. Os amigos se indignam a todo momento, gritam com o juiz, com os jogadores e sobra até para o técnico, Mano Menezes.
- Pare home do céu! Bota o Ronaldinho Gaúcho que esse gaudério não se mixa!
- Podicrê, maluco. É isso aí! – concordou o carioca.
- Ronaldinho é porreta, desimbesta.
O clima vira suspense quando, aos 45 minutos do segundo tempo, o Brasil tem uma falta perto da área para cobrar.
- Dá o sangue, cara! Noix queremo essa!
- Prestenção, é agora a hora di marcá.
- Quando Deus Nosso Senhor qué até égua veia nega estribo.
Mano Menezes pede para Ronaldinho Gaúcho, que acabou de entrar em campo cobrar a falta, porém Felipe Mello se antecipa e nem é preciso descrever o que aconteceu. O mineiro engasgado, fala:
- Num to querditando nuqui to venu. Quilocura!
- Esse vivente merece uma boa coça de laço, perdeu um gol feito.
- Arranca toco, rapá!
- Vai catá pioio doidim!
Com o final da partida em 0 x 0, os quatro saem do estádio, tristes pelo resultado do jogo, mas ao mesmo tempo felizes por terem conhecido pessoas tão diferentes que compartilham da mesma paixão. E da mesma língua, por incrível que pareça.
FIM
Fantástico Grupo!
ResponderExcluirQue diversidade de "Brasis" associada à criatividade das autoras. É a imensidão de nossa língua, costumes, tradições e interações comunicativas.
Parabéns. Está muito lindo o texto e as imagens de nosso time brasileiro. Além do mais, do meu estádio preferido.
Abraço carinhoso
Profa. Marilene
Parabéns, blogueiras Luluzinhas: a fonética dos diálogos está demais!
ResponderExcluirMuitas imagens para ilustrar o clássico e um acontecimento que, certamente, repetirá na vida real o que foi imaginado por vocês - quem sabe com uma vitória do nosso Brasil!
[] com carinho
Kátia